sábado, 1 de dezembro de 2012

Aplicando QoS em comunicação VoIP em enlaces ADSL






 Aplicando QoS em comunicação VoIP em enlaces ADSL


Por: Adriano Uchoas Alessandro Leiva
Fabio Teodora de Jesus

Moacyr Carlos Santos Filho





Resumo





A capacidade de comunicação de voz através da Internet atrai pela crescente popularidade  da  Banda  Larga.  Este  artigo  apresenta  as  limitações  de  qualidade existentes em enlaces do tipo ADSL e as exigências de aplicação dos mecanismos de qualidade do serviço, que permitam diferenciar os vários tipos de servos que trafegam no enlace ADSL, destacando as tecnologias existentes e vantagens do sistema.
Palavras-chave: VoIP, ADSL, QoS, Banda Larga.





Introdução





A abrangência da rede telefônica atualmente existente no país retrata sua capacidade e infraestrutura, que inicialmente usada somente para tráfego de voz, ainda que a capacidade de transmissão do par de fios fosse maior do que a demanda da aplicação, a gama de funcionalidades não era explorada para outros serviços. A busca por maiores taxas de transmissão cresce continuamente, sendo necessário o uso de novas tecnologias para melhorar o aproveitamento do par metálico de fios, ou mesmo substituí-lo caso seja fator limitante para o aumento das taxas de transmissão. Porém

apenas o aumento das taxas de transferência não é suficiente para garantir o perfeito funcionamento do serviço. (ANSCHAU; MARQUES; TEIXEIRA, 2010)
. O conceito de Qualidade de Serviço (Quality of Service - QoS), trata das técnicas para  prover o melhor serviço para determinados tipos de tráfego, e neste sentido, a aplicação de políticas de QoS, deve ser implementado em sistemas VoIP sob ADSL. (OLIVEIRA, 2005)




VoIP





O VoIP (Voice over IP), viabiliza a comunicação telefônica utilizando a internet como meio de transmissão da voz, a tecnologia VoIP converte sinal de voz analógico através da quebra da conversação em pacotes de dados através do protocolo IP, e os transmite através da internet ou redes digitais privadas. E esses mesmos pacotes são utilizados   com   vantagens   sobre    telefônia   convencional   como,   por   exemplo, possibilitar que diversas chamadas telefônicas ocupem o espaço antes ocupado por somente uma chamada da rede convencional. (SOARES; FREIRE, 2002)
Um dos padrões mais conhecidos para  VoIP é o [H.323], definido pelo ITU (International Telecommunication Union) em 1996, que estabelece padrões para comunicações multimídia sobre redes locais que não provêm funcionalidades de Qualidade de Serviço (QoS). (OLIVEIRA, 2005)
Para  efetuar  a  comunicação  através  de  vos  sobre  IP  normalmente  são necessários:
Gateway  de  Voz:  Dispositivo  responsável  pela  digitalização,  compressão, demodulação e funções de empacotamento IP sobre o sinal de voz recebido. Estes equipamentos também possibilitam a interligação com as redes telefônicas convencionais. (SOARES; FREIRE, 2002)
Agente de Chamada: Notificado via sinalização enviada pelo gateway de que uma chamada está sendo iniciada e analisa como a chamada será gerenciada. (SOARES; FREIRE, 2002)
GateKeeper: Utilizados para as ligações em longa distância, que gerenciam uma série de outros equipamentos e podem autorizar chamadas, fazer controle da largura de banda

utilizada,  ou  seja,  ele  pode  ser  descrito  como  uma  central  telenica  para  VoIP. (SOARES; FREIRE, 2002)
Equipamento de usuário: Dispositivo final usado pelo usuário que solicita o uso de serviço de voz. Podendo ser este analógico ou digital
A  tecnologia  ADSL,  atualmente  é  uma  das  mais  populares,  principalmente  no seguimento de usuários domésticos e pequenas empresas. (SOARES; FREIRE, 2002)




Enlaces ADSL





Nos anos 90, quase todos os usuários residenciais acessavam a internet por meio de linhas telefônicas analógicas utilizando um modem discado, e não se podia utilizar a linha para voz no mesmo tempo. Quando os modens discados atingiram o limite de capacidade de transmissão de dados da Rede de Telefonia Pública Comutada (RTPC), as empresas de telefonia foram compelidas a desenvolver outras tecnologias que permitissem acessar a internet em altas velocidades (SAKURAY; SADOYAMA, 2004).
Foi a partir dai que surgiu a tecnologia ADSL (Asymmetrical Digital Subscriber Line),  que  é  uma  das  tecnologias  da  família  xDSL  que  utiliza  a  infraestrutura  da telefonia convencional, mas o faz sem deixar a linha ocupada, pois quando um telefone esta sendo utilizado para uma chamada de voz, este utiliza apenas uma pequena parte da capacidade de transmissão da linha que utilizam uma faixa de  frequência de onda muito baixa, entre 300 e 4000 Hz. A tecnologia ADSL faz uso da faixa livre de frequência geralmente através da técnica FDM (Frequency Division Multiplexing-Multiplexação por Divisão de Frequência ) ou com a técnica de Cancelamento de Eco. O FDM faz uso de parte do espectro livre para envio de dados (lastreiam) e outra para o recebimento dos dados (downstream). (ALECRIM, 2012)





Figura 1: Divisão de frequências da linha telefônica no ADSL



Mas a tecnologia ADSL é limitada a localidades onde os usuários estejam a uma distância entre 2,7 e 5,5 km da central telefônica, ou seja, não se espera encontrar tal tecnologia fora de centros urbanos. (KUROSE, ROSS, 2003)
Além disso, apesar de o ADSL ser capaz de atingir taxas de transferência superiores às conexões discadas, a tecnologia es sujeita a atenuação, em função das limitações físicas da linha telefônica, onde a distância se torna o principal limitante. Baseado  nisso,  surgem  novas  formas  de  se  aproveitar  a  estrutura  física  da  rede telefônica, como o ADSL 2 ou ADSL+, que tem na forma de tratar o sinal ou modulá- lo,  a  tecnologia  para  incremento  da  taxa  de  transmissão.  Com  as  melhorias  na tecnologia ADSL, tornou-se viável utilização deste tipo de enlace para comunicação de Voz sobre IP, mas para viabilizar o uso de forma competitiva se comparado ao sistema tradicional de telefonia, é necessário a adoção de políticas de qualidade. (KUROSE, ROSS, 2003).




Aplicando QoS em VoIP





A qualidade na comunicação de voz sobre IP é muito subjetiva, mas devido as próprias caractesticas do meio e as limitações do protocolo TCP/IP, que não possui nenhum compromisso com QoS, a adoção de Técnicas de Qualidade de Serviço é

fundamental na medida em que se deseja um melhor resultado na comunicação voz, principalmente  em enlaces ADSL.
Existem algumas técnicas básicas, como a adoção do protocolo RTP (Real Time Protocol), que faz com que os pacotes sejam recebidos na mesma ordem de envio, uma vez que os pacotes podem seguir caminhos diferentes, e não chegar exatamente na mesma  ordem.  Para  seu  funcionamento  são  necessários protocolos  complementares como o protocolo RTCP (Real Control Protocol), que realiza a compressão e monitoramento, e o RSVP (Resource Reservation Protocol), que aloca parte da banda disponível exclusivamente para voz. OS CODECs também exercem importante papel na garantia de qualidade da comunicação, tais como: G.711, G722, G723, G727, entre outros,  diferenciados  basicamente  pelos  algoritmos  usados,  a  média  de  atraso  e qualidade de voz, sendo o G711 o ideal para tratar deste último aspecto. (SILVA, 2010)
O Principal objetivo do QoS é priorizar o tfego sensível ao retardo, como é o caso da voz, em relação a transferência dos demais dados, conforme demonstra a figura 2.



Figura2 : Modelo para QoS





Segundo Hein (2011, p.17), para o funcionamento adequado do VoIP, devem ser garantidos os seguintes parâmetros:
     Atraso fim-a-fim abaixo de 150ms, conforme ITU G.114: O atraso dos pacotes numa comunicação fim-a-fim manifesta-se como o eco, podendo ocorrer quando o atraso for superior a 50 ms, e a sobreposição de sinal (linha cruzada), podendo ocorrer quando o atraso for superior a 250ms. (HEIN, 2011)
     Variação do atraso (Jitter), inferior a 20ms: o efeito Jitter é a variação entre os tempos de chegada dos pacotes no destino provocados pela rede. A remoção do efeito Jitter requer que os pacotes sejam armazenados por tempo suficiente em buffers, porém isso gera delay na transmissão que igualmente geram problemas

de qualidade de voz. Deve-se encontrar um ponto de equilíbrio na configuração. (HEIN, 2011)
     Perda de pacotes abaixo de 0,1%: Perda de pacote: As redes IP não podem assegurar que todos os pacotes serão entregues, muito menos na ordem correta de envio. Alguns pacotes podem ser perdidos durantes a transmissões quando a rede estiver congestionada, por exemplo. A interpolação entre pacotes é uma solução encontrada para solucionar o problema de perda de pacotes, uma vez que a qualidade de voz é sensível ao tempo de entrega dos pacotes. Perdas de pacote maior que 10% geralmente não são toleráveis. (HEIN, 2011)


Como implementar QoS em links ADSL?





A implementação de políticas de QoS links ADSL tradicionais, basicamente pode ser implementada através dos recursos das ferramentas disponíveis em alguns modelos de roteadores de mercado. (FAGUNDES, 2011)
A manutenção de qualidade de voz aceitável apesar de variações inevitáveis em desempenho da rede, como congestionamento ou falhas na conexão, é alcançada usando técnicas como compressão, supressão de silêncio, e QoS nas redes de transporte. (FAGUNDES, 2011)
Alguns softwares pré-processam as conversações de voz antes do envio, além de aplicar a técnica de supressão de silêncio que suprime a transferência de pausas, respirações e outros períodos de silêncio podendo chegar a 50-60% do tempo de uma chamada, economizando largura de banda de transmissão. Como a falta de pacotes é considerada silêncio absoluto é necessário uma função para adicionar um "barulho de conforto" na transmissão. (FAGUNDES, 2011)



Figura 3: Mecanismos de QoS.

Para  a  implementação  de  VoIP  em  redes  de  longa  distância  (Wide  Área Networks WAN’s) duas abordagens de QoS podem ser adotadas: Serviços Diferenciados (DiffServ) e Serviços Integrados (IntServ). (SILVA, 2007)
A abordagem IntServ procura garantir qualidade de serviço fim-a-fim, isto é, negociando e reservando recursos exclusivos para tfego priorizado por toda a rota entre transmissor e receptor. É baseado no protocolo RSVP (Resource Reservation Protocol), e necessita que todos os roteadores nessa rota implementem esse protocolo. A abordagem DiffServ baseia-se na marcação de bits TOS (Type of Service) no cabeçalho  do  pacote  IP  para  atribuição  de  diferentes  veis  de  prioridade  para  os pacotes. Nas WAN’s privadas as empresas têm a opção de adquirirem e instalarem roteadores   que   implementa DiffServ   e/ou   IntServ   e dessa   forma,   garantir efetivamente uma excelente qualidade para seus serviços VoIP. (SILVA, 2007)
Na prática, quando uma empresa deseja utilizar a Internet para serviços de VoIP, o máximo que se pode fazer é garantir que os dispositivos da rede interna implementem DiffServ, (SILVA, 2007)


Conclusão



A implementação de VoIP, pode ser uma alternativa interessante ao sistema tradicional de telefonia, onde a busca pela diminuição do custo de comunicação seja significativa, porém em enlaces ADSL, se não houver nenhuma preocupação com a adoção de técnicas básicas de QoS, o uso prático da Voz sobre IP, pode ser invvel, pois não havendo garantia mínima de largura de banda disponível, e tratamento do tráfego, a inteligibilidade da conversação poderá ser totalmente prejudicada.
Entretanto nem sempre tais pticas podem ser adotadas, uma vez que a implementação de QoS representa custos, podendo ser eliminada do orçamento, por em alguns casos inviabilizar os custos totais, frente ao sistema tradicional de telefonia.
outros mecanismos para controle de tráfego, inibição de congestionamento e técnicas de enfileiramento para qualidade de serviços, porém diminuir o custo da implantação e oferecer a melhor qualidade de voz é um dos desafios. Os equipamentos de VoIP oferecem mecanismos para ajustar o ambiente de transmissão e aperfeiçoar a qualidade de voz dentro que custos aceitáveis, mas nenhum mecanismo de QoS será eficiente se não houver disponibilidade e largura de banda suficientes, e neste quesito o método DiffServ mostrou-se mais eficaz.

Apesar de a Internet não prover QoS, e o ADSL não ser o sistema ideal, o que se observa na prática é a obtenção de níveis aceitáveis de qualidade do VoIP através da Internet,  desde  que  adotando  um  bom  link  e  aplicando-se  políticas  de  QoS  nos roteadores e dispositivos, e com a constante redução dos serviços de Internet, disponibilidade cada vez maior de links em meios físicos mais confiáveis e eficientes, redução nos custos de aquisição dos equipamentos necessários para implementação de QoS,  o que se tem hoje são mais e mais empresas adotando esse tipo de tecnologia.




Referências





ALECRIM, Emerson. O que é e como funciona ADSL. Disponível, com anotações de




ANSCHAU, Querino Junior; MARQUES, Guilherme Geraldo de Freitas; TEIXEIRA, Damazio Pereira. ADSL e ADSL2: As Tecnologias da Internet na Telefonia Fixa. Disponível, com anotações de 2010, em:< www.teleco.com.br/tutoriais>.


FAGUNDES, Eduardo Mayer. A Convergência das Redes de Voz. Disponível, com anotações de 2001, em :<efagundes.com>


HEIN, Mathias. Qualidade em VoIP. Revista RTI. São Paulo: Editora Aranda, 2011.



OLIVEIRA, Sergio Ricardo de Freitas. Solução Corporativa VoIP: Caso Prático. Disponível, com anotações de 2005, em: <www.teleco.com.br>


SILVA, Adailton J.J; Qualidade de Serviço em VoIP – PARTE1. Rede Nacional de Ensino e

Pesquisa, 2007.



SOARES,   Lilian   C.;   FREIRE,   Victor   A..Redes   Convergentes:   Estratégias   para transmissão de voz sobre Frame Realy, ATM e IP. Rio de Janeiro: Alta Books, 2002.


SAKURAY, F; SADOYAMA, N. N. Tecnologia xDSL, Universidade de Londrina,2004.